O sofrimento do familiar do paciente

Os médicos são unânimes em dizer que o apoio dos familiares é primordial no tratamento de pessoas com câncer, mas e como ficam o cônjuge, pais, irmãos ou outros parentes frente a dor de um ente-querido?

Um estudo conduzido pela indústria farmacêutica Pfizer mostrou que familiares de pacientes com câncer sofrem mais que os próprios doentes. Enquanto 72% dos pacientes disseram ter sofrido muito com a doença, entre os familiares o percentual foi de 88%.

O resultado da pesquisa abre um olhar das autoridades de saúde sobre o tipo de apoio a ser dado às famílias no enfrentamento da doença. O estudo mostrou que os familiares enfrentam os mesmos sentimentos frente ao diagnóstico: medo, tristeza e insegurança. Eles também não sabem como ajudar.

Em entrevista ao Portal R7, o oncologista Sérgio Simon, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, explica que o familiar sofre porque percebe a tristeza da paciente, fica angustiado e com medo.

“Os familiares ficam mais angustiados. A paciente, muitas vezes, tem doença assintomática, ela descobriu em um exame que ela tem metástase no osso, mas ela não sente dor, ela não sente nada. O sofrimento dela é um sofrimento imaginário, mas o  sofrimento do familiar, muitas vezes, é maior do que o dela”, afirma. Para ele, é preciso também incentivar o atendimento psicológico para a ajudar os familiares de pacientes com câncer.

Lidar com a dor de ver o sofrimento de uma pessoa que amamos e com o medo de perder a batalha contra a doença, pode também trazer problemas no acompanhamento do doente. Por isso, separamos alguns exemplos que podem acontecer e como estes impasses podem ser superados.

Ansiedade

É normal ficar ansioso por notícias sobre as decisões tomadas, se os medicamentos estão surtindo efeitos e tudo que seja relativo ao paciente. Mas, um exercício para vencer a própria ansiedade é se colocar no lugar do paciente, e imaginar o que ele enfrenta com os mesmos questionamentos. Para te ajudar ainda mais, converse com outras pessoas, não descuide do próprio cuidado, praticando hobbies, por exemplo, e busque auxílio profissional, caso precise. Vale ressaltar que existem profissionais da área de Psicologia, especializados em Oncologia, mais capacitados pra prestar assistência às famílias e pacientes.

Falta de conhecimento sobre a doença

Em se tratando exclusivamente de câncer de mama, existem vários tipos de tumores e vários tipos de prognósticos. Absorver esta gama de informações leva tempo, e com isso pode ser que você se desespere e haja reflexo na sua saúde. Cuidar com alguém com câncer não é fácil, mas sem calma as coisas podem ficar mais difíceis. Procure informações comprovadas, mas não foque demais nisto, porque cada paciente é único, e nem todos se encaixam às estatísticas. Estar por dentro dos novos tratamentos, terapias e recursos é bom, mas foque em buscar informações que reflitam em qualidade de vida da pessoa com câncer.

Mudança de hábitos

O diagnóstico certamente muda muita coisa na rotina do doente e dos familiares, especialmente os dedicados aos cuidados principais. É comum que os cuidadores se negligenciem a própria saúde, e isso pode se prejudicial para todos. O sono de qualidade, as refeições balanceadas, a prática de exercícios físicos e momentos de descanso são primordiais para te sustentar no acompanhamento do tratamento do seu ente.

Foque nas atividades

Não dedique seu tempo integralmente à função de consolar a pessoa com câncer. Certamente o doente em questão tem várias atividades e necessidades práticas que você pode ajudar, desviando o foco integral dos sentimentos, que geralmente são ruins. Entender que, mesmo com o câncer a vida do paciente não parou gera benefícios para todos.

Medo e depressão

Ver alguém amado doente é muito difícil e para facilitar esse processo, é preciso falar sobre o que está sentindo. Uma boa ideia é procurar um amigo ou alguém de confiança que possa ouvir você, mesmo que seja por pouco tempo. Você também pode fazer coisas que lhe dão prazer, como ir ao salão, ao cinema, fazer uma massagem etc. Tirar esse tempo é essencial, pois dará o ânimo e força que tanto precisa para continuar cuidando do paciente.

Caso isso não funcione, procure o auxílio de um profissional especialista, como um psicólogo. Ele vai propiciar um espaço neutro de escuta e acolhimento.

Já que estamos no Outubro Rosa, incentive uma amiga a se cuidar. Lembre-se que o Superação é também uma super ação.

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